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Representantes de bibliotecas e sistemas estaduais visitam centros de referência em acessibilidade

O Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP) e a Mais Diferenças (MD) receberam em 30 de setembro e 1º de outubro, em São Paulo, representantes das bibliotecas selecionadas pelo projeto “Acessibilidade em Bibliotecas Públicas” e dos respectivos sistemas estaduais para apresentação dos resultados preliminares do diagnóstico realizado nestes locais e para visitas técnicas a centros de referência em acessibilidade.

Além de ter contato com práticas, abordagens e tecnologias para atender ao público com deficiência, o grupo pôde se entrosar ainda mais, fortalecer a construção de uma rede de troca de informações e compartilhamento de experiências e aprofundar as discussões sobre o desafio de garantir o acesso de todos às bibliotecas.

As informações coletadas no diagnóstico permitirão que o SNBP e a Mais Diferenças, em conjunto com os sistemas estaduais e as bibliotecas, detalhem os próximos passos do projeto: comunicação e produção de conteúdo acessível; qualificação do acervo; acesso à Tecnologia Assistiva; capacitação das equipes; fomento ao trabalho em rede/seminários regionais; e monitoramento e avaliação.

Para Vilma Nascimento, assessora técnica da Biblioteca Pública do Estado do Paraná, as visitas foram proveitosas: “É um jeito bom de ver novas ideias que possam ser somadas a tudo que já estamos fazendo para atender melhor aos usuários. Por enquanto, nosso foco são as pessoas com deficiência visual, mas vamos ampliar esse atendimento”, afirmou.

A representante da Biblioteca Pública Benedito Leite (MA) Aline do Nascimento comentou, por sua vez, que as visitas técnicas são importantes para aprender e repassar os conhecimentos adquiridos a outras instituições. “Eu me encontrei nos centros de referência. Projetos que antes estavam só na ideia agora serão levados para frente!”

Carla Mauch, coordenadora-geral da MD, avaliou que as visitas técnicas e as reuniões de trabalho permitiram avançar ainda mais no projeto “Acessibilidade em Bibliotecas Públicas”. “Aproveitamos os momentos para aprofundar o planejamento das ações dos próximos meses, que serão voltadas à formação, bem como a aquisição de Tecnologia Assistiva e acervo acessível.” Segundo ela, uma conclusão importante das visitas técnicas foi a necessidade de desenhar estratégias para que as bibliotecas sejam reconhecidas como um direito fundamental, de maneira a ampliar a frequência do público com e sem deficiência.

Confira o relato completo das atividades realizadas

As atividades iniciaram-se na terça-feira pela manhã, quando o grupo foi recebido na Biblioteca de São Paulo (BSP) por Adriana Cybele Ferrari, coordenadora do Sistema de Bibliotecas Públicas do Estado de São Paulo. Os visitantes puderam conhecer um bom exemplo de como conciliar acessibilidade arquitetônica, Tecnologia Assistiva e uma programação variada e inclusiva, que visa atrair o público com deficiência para a biblioteca.

O segundo endereço visitado foi o Memorial da Inclusão, da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência. O grupo visitou no local a exposição permanente e acessível que registra a história da luta das pessoas com deficiência no Brasil pela conquista e garantia de direitos. Além de destacar personagens e histórias marcantes, a mostra retrata a própria evolução das concepções ao longo da história sobre o tema, desde a visão da deficiência como um problema médico a ser atacado (ou corrigido) até a abordagem atual que a coloca como condição humana – sendo que a deficiência passa a ser entendida como o resultado da interação da pessoa com o ambiente que a cerca.

O Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) foi o terceiro local que os representantes dos sistemas estaduais e das bibliotecas conheceram. Lá foi realizada uma apresentação sobre o setor educativo. De acordo com Lucas Oliveira, educador do MAM, a acessibilidade é transversal na instituição porque perpassa todas as áreas. “Não são as pessoas que têm deficiência. São os lugares que têm uma deficiência e não estão adaptados para receber essas pessoas”, disse.

Toda a programação do museu, incluindo cursos e oficinas, é acessível e conta com Tecnologia Assistiva. Além disso, é pensada desde o início com a participação do público com deficiência, com destaque para as atividades voltadas à comunidade surda.

No final da tarde, o grupo foi recebido na sede da MD e convidado a conhecer alguns dos recursos de acessibilidade desenvolvidos pela organização na exposição Múltiplo Comum, instalada no Espaço Mais Diferenças. Após a experiência seguiu-se um debate sobre a importância da tecnologia e seus avanços para a garantia da acessibilidade.

No dia 1º de outubro, o grupo se reuniu para conhecer os resultados preliminares do diagnóstico realizado nas dez bibliotecas participantes do projeto “Acessibilidade em Bibliotecas Públicas” – principalmente no que diz respeito à percepção dos usuários com deficiência e funcionários das bibliotecas. Além disso, foram apresentadas diferentes estratégias e metodologias de mediações de leitura inclusivas e acessíveis.

No período da tarde, o grupo foi recebido em Campinas (SP) no Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva (CNRTA), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. O Centro tem como missão incentivar e articular o desenvolvimento de pesquisas em Tecnologia Assistiva, principalmente entre as universidades.

Segundo a pesquisadora Deise Fernandes, que é cega, a pessoa com deficiência precisa participar do processo de criação dessas tecnologias para que atendam às suas demandas e supram suas necessidades reais. O grupo foi informado de que existem grupos de pesquisas em Tecnologia Assistiva nas universidades existentes em algumas das cidades contempladas pelo projeto e que poderão ser acionados.

A segunda visita técnica do dia foi ao Laboratório de Acessibilidade da Biblioteca (LAB) da UNICAMP. Valéria Martins, coordenadora associada do sistema de bibliotecas da UNICAMP, e Magali Arnais, pedagoga do Laboratório, fizeram uma apresentação sobre o LAB e seus objetivos, com destaque para a concretização da acessibilidade em suas mais diversas frentes: comunicacional, metodológica, instrumental, programática e atitudinal. O grupo pôde conhecer os recursos de acessibilidade em musicografia brasileira desenvolvidos pelo professor Vilson Zattera, que é músico e cego.