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Acessibilidade em Bibliotecas Públicas – Segunda etapa das formações impulsiona atividades para inclusão

O Projeto Acessibilidade em Bibliotecas Públicas – iniciativa do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNPB), vinculado à Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB) do Ministério da Cultura (MinC) – começou em setembro mais uma etapa de capacitação das equipes das bibliotecas públicas participantes. Atividades de formação (cursos, oficinas e ações culturais inclusivas) acontecem em todas as dez instituições que, desde 2014, integram o projeto executado pela OSCIP Mais Diferenças. Os profissionais que se inscreveram destacam o conhecimento que adquiriram e também a vontade de realizar ações afinadas com as diretrizes dos cursos nas bibliotecas e espaços de cultura em que atuam. As formações estão previstas para terminar no próximo mês.

Em etapas anteriores, representantes das bibliotecas do projeto participaram de cursos de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e visitas técnicas a centros de referência em acessibilidade e inclusão. Funcionários das bibliotecas e convidados de equipamentos culturais locais participaram dos cursos “Princípios das Políticas e Programas de Livro e Leitura Acessíveis e Inclusivas” e “Políticas Públicas de Livro e Leitura para Todos: Gestão, Implementação e Boas Práticas”. Além disso, estão em andamento as oficinas “Estratégias para o Desenvolvimento de Recursos Acessíveis e Inclusivos para Atendimento ao Público com Diferentes tipos de Deficiência” e “Mediação de Leitura em Contextos Inclusivos”. Por fim, consultores da Mais Diferenças realizaram uma programação cultural com atividades inclusivas de mediação leitura e cinema com recursos de acessibilidade. Todas as atividades foram estruturadas para dar novos subsídios para que os profissionais possam melhorar e ampliar ainda mais a acessibilidade em seus espaços, bem como para aumentar a presença das pessoas com deficiência.

Para Thaisa Nascimento, bibliotecária da Biblioteca Pública Estadual do Amazonas, em Manaus (AM), aprender mais sobre estes temas é fundamental. “Os cursos sensibilizam para a inclusão das pessoas com deficiência e nos incentivam a ter ações para recebê-las”. Ela conta que, nos próximos meses, a biblioteca fará parcerias com instituições locais para atrair mais público com deficiência.

Na Biblioteca Pública do Estado da Bahia, de Salvador (BA), a subgerente Raquel de Ávila coordena cinco setores, inclusive o Braille. Ela relata que a entidade já realizava seminários para conscientização dos funcionários sobre deficiência visual. Agora, após a formação, a biblioteca deverá aprofundar essas políticas para atender outros públicos com deficiência. “Esse diálogo foi muito importante para traçar metas sobre o material didático, o público e a estrutura física. O papel da biblioteca é acolher e atender todo mundo”.

Aline Nascimento, diretora da Biblioteca Pública Benedito Leite, localizada em São Luís (MA), destaca que, com as formações, a instituição se projeta como um polo regional de inclusão. “Estamos trabalhando políticas públicas inclusivas e faremos até um seminário sobre a acessibilidade. Já estamos virando referência nessa questão”, comemora.

Para todos – As formações, segundo relato dos participantes, permitem pensar novas formas de ampliar o atendimento com foco em todas as deficiências. É o que conta Manoel Moraes, profissional cego que trabalha há 28 anos no Setor Braille da Biblioteca Pública Estadual Estevão de Mendonça (MT), em Cuiabá. “Acessibilidade antes era uma coisa muito pequena. Com o tempo, ela vai se aperfeiçoando e hoje aprendi que existem vários meios de acessibilidade para muitos tipos de deficiência”, conta.

A atendente Maria Dirce Barcelos, da Biblioteca Municipal Carlos Correa Loyola da cidade de Serra (ES), fez as formações na Biblioteca Pública Estadual Levy Cúrcio da Rocha, na capital capixaba. Ela, que possui baixa visão, sempre esteve ligada ao tema da inclusão e acredita que acessibilidade é fundamental nos equipamentos públicos. “Permitir a acessibilidade em lugares públicos é essencial. A biblioteca pública é de todo mundo”.

Cristiano Oliveira, de Rio Branco (AC), diz que até então nunca tinha tido contato direto com a questão da acessibilidade, mesmo convivendo com pessoas com deficiência. Para o estagiário da Biblioteca da Floresta e que fez as formações na Biblioteca Pública Estadual do Acre, as atividades contribuíram até mesmo para seu crescimento pessoal. “Achei de extrema importância procurar maneiras de proporcionar que essas pessoas também tenham acesso à biblioteca, à cultura e ao conhecimento. Foi engrandecedor perceber, com outros olhos, como a acessibilidade é algo potente”.

Mais atividades – A Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, que acaba de comemorar 50 anos do Setor Braille, está consolidada como importante polo cultural da capital mineira. Segundo Marina Nogueira, diretora do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas de Minas Gerais, o projeto Acessibilidade em Bibliotecas Públicas vem criando condições para que a instituição vá além. “As formações são bastante pertinentes e têm auxiliado muito no planejamento das nossas ações. Começamos a repensar algumas questões em relação às ações culturais que a biblioteca realiza, assim como para a aquisição de acervo acessível”.

O assistente de atividades Ítalo Gomes, da Fundação de Cultura do Mato Grosso do Sul, diz que a preocupação em ter participação das pessoas com deficiência sempre esteve presente nas agendas das instituições culturais do estado. Contudo, o profissional, que fez os cursos na Biblioteca Pública Estadual Dr. Isaias Paim, em Campo Grande, explica que o projeto reforçou essa necessidade. “Agora estamos no início de um processo para diminuir a distância entre as bibliotecas e os museus e o público com deficiência”, avalia.

Tânia Costa, agente de leitura da Biblioteca Pública Estadual do Acre, destaca o papel das atividades voltadas ao público infantil. Cada vez mais, segundo ela, a preocupação é contar histórias pensando em todos, a fim de não excluir as crianças com deficiência. “A biblioteca não é só um espaço de pesquisa. É um espaço de convivência, de leitura e de lazer. Temos que ter atividades que agreguem os públicos mais variados.” Este papel ampliado das bibliotecas, aliás, é um ponto que vários alunos costumam destacar.

Além das pesquisas – Para Angélica Justino, que trabalha no atendimento da Biblioteca Pública do Paraná, em Curitiba (PR), os ensinamentos dos cursos ajudarão a aprimorar o atendimento, os materiais e a estrutura do local. “A importância da presença das pessoas com deficiência é fundamental para dar o direito de imaginação, fantasia e conhecimento para todos.”

Beatriz Silveira, bibliotecária na Biblioteca Municipal Professor Barreiros Filho, em Florianópolis (SC), acredita que uma equipe bem preparada e a disponibilidade de acervo acessível criam condições dignas e respeitosas para incluir pessoas com vários tipos de deficiência. “É importante a capacitação da biblioteca para oferecer um acervo mais especializado, em que as pessoas com deficiência se sintam bem acolhidas e atendidas em todas as formas possíveis de leitura, entretenimento, cultura e lazer.”

O assessor técnico da Biblioteca Pública Estadual Levy Cúrcio da Rocha (ES), Leandro Carlos, diz que agora a biblioteca adquire maior autonomia para atender e oferecer materiais acessíveis ao público com deficiência. “[Os cursos] estão ampliando os horizontes. Há inclusão de todos no mesmo espaço fazendo com que possam ter acesso à informação, lendo os mesmos livros.”